quarta-feira, 31 de março de 2010

4 de Abril de 2002, uma data inesquecível


Sob o signo da concórdia

É assim que deverá caminhar o país e a nação. O memorando de Luena foi o corolário de uma trajectória marcada por avanços e retrocessos. O povo angolano sempre acreditou que, um dia o sol brilharia. E assim foi. A 4 de Abril de 2002, os generais Armando da Cruz Neto, então Chefe de Estado Maior das FAA e actual Governador de Benguela, em representação do Governo de Angola e Abreu Kamorteiro em representação da UNITA, assinaram o acordo que veio colocar fim a um calvário que durou cerca de três décadas.

De lá para cá, muito foi feito no sentido de termos uma Angola a altura dos tempos hodiernos. Certamente outro “muito” ficou por se fazer ou está a ser feito. A reconstrução material do país é um facto indesmentível. São visíveis os traços do reafirmar das infra-estruturas. Claro, que há sempre aqui ou acolá, situações questionáveis, porém de pouca monta. Prendem-se mais a forma do que ao conteúdo.

Quanto a reconstrução espiritual da nação, ainda não se consegue divisar claramente o caminho que estamos a seguir. “A alma da nação ainda garimpa anestésicos nas tabernas internacionais. E os nosso semelhantes ainda antropófagos, fazem suas ceias nos altares in-quisitórios da sociedade.

Na minha óptica, a parte imaterial da nação ainda está desolada. O homem angolano, infelizmente ainda vive os traumas da guerra com uma intensidade atenuável. Muita coisa (no comportamento das pessoas) ainda lembra os tempos das “caramuças”.

Entretanto, apraz-me alertar nesta altura em que comemoramos oito anos, desde aquela gesta histórica, que não existem em Angola angolanos de primeira e de segunda. Ninguém pode por nenhum pretexto julgar-se acima das leis ou desrespeitar o poder instituído. A democracia é um fim que as sociedades tidas como democráticas perseguem. Em Angola estamos a caminhar neste sentido. Mas tal desiderato somente será alcançado se todos trabalharmos juntos. Cada um deve dar exemplos diários de comprometimento com o bem colectivo, respeito pela legalidade e, não fomentar a desordem, a anarquia ou delapidar o erário público.

Finalmente, desejo que este quatro de Abril seja comemorado, num clima de muita alegria e aceitação das diferenças, portanto sob o signo da concórdia.

O Editor
Martinho Bangula

BP disponibiliza USD 100 mil para apoiar comunidade Khoisan

Menongue – Cem mil dólares americanos foram disponibilizados hoje (terça-feira), no Kuando Kubango, pela empresa petrolífera British Petroleum para apoiar a comunidade Khoisan na província, no âmbito de um projecto denominado "Esperança".

O projecto, apresentado hoje, na aldeia de Mbundu, arredores de Menongue, visa ajudar os Khoisan nas componentes da agricultura, ambiente (repovoamento florestal) e no ramo da saúde (formação de parteiras tradicionais e distribuição de mosquiteiros).

De acordo com o responsável da Associação de Conservação do Ambiente e Desenvolvimento Rural (ACADIR), organização encarregada para gerir o projecto, António Tchipita, o plano inclui também a componente da educação para saúde, direitos humanos, registo de nascimento e ambiente, através de jornadas escolares e extra-escolares.

O programa, informou, visa também a criação de zonas verdes nas escolas da Bolça, Tribuna do Povo e Gabriel Matias, em Menongue.

Fonte:Angop

terça-feira, 30 de março de 2010

Teatro a céu aberto: É a educação junto das comunidades rurais

Profissionais  do Grupo Twayovoka em exibição, no interior de Benguela, numa das várias sessões de sensiblização comunitária sobre o VIH, a Tuberculose, Malária e o  Saneamento Básico


A plateia atenta, aprende um pouco mais sobre os cuidados a ter com os materiais cortantes e as águas paradas. Ao mesmo tempo que são alertados sobre a importancia da solidariede para com os portadores do VIH e outras ITS.

Educação para Saúde: Sustentando o Futuro!

(Na sede da Organização Twayovoka, adolescentes aprendem sobre hábitos alimentares saudáveis)

domingo, 28 de março de 2010

Criar e Capacitar as Microempresas: Uma forma de combate a Pobreza e Exclusão Social

( Pormenor da pláteio, no acto de apresentação do Programa de Apoio ao MicroNegocio)

Trabalho de Equipa e Pensamento Estratégico: Uma constante na Twayovoka

(Ngongo e Matapalo, executivos Sénior da Twayovoka)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Por Tchipilica Eduardo

Carta de miúdo de rua (1)
 
                                                       Não sou fruto da guerra, sou miúdo feito na rua por razoes que diariamente procuro entender. Nasci neste pai grande e belo cheio de riquezas e belíssimas coisas. Por favor leia bem a minha biografia curtinha de vida. Vivia eu com os meus pais num lar lindíssimo e feliz. Tinha eu 10 anos quando meu pai apaixonou-se por outra mulher que estremeceu as suas veias, fazendo “entornar” seu juízo, tanto assim que passou a ser um animal feroz.
                                                       O nosso lar mudou, expulsou de casa: eu minha mãe e mais dois irmãos fomos viver em casa do meu tio Viriato. Passados quatro anos meu pai nunca mais deu sinal de vida dizem que esta domesticado, ninguém pode procurá-lo.Ate corre connosco, se o fizermos.
                                                  O coração de minha mãe não é de ferro, apaixonou-se por Pedro. Um grande senhor! Lembro-me que nos tratava como seus filhos. Ela era feliz parecia que encontrou o príncipe encantado, mais tarde “arranjou” uma casa e fomos viver com ele. Porem um ano depois a casa de paraíso tornou-se também num inferno. Acusava-me de mexer no seu dinheiro e noutros objectos sem qualquer razão. Porrada era comigo. Deixei de ir a escola porque tinha de vender alguma coisa para ajudar na alimentação da casa como ele pretendia. Sempre sonhei em ser professor de Matemática. Mas tudo começou a virar de patas para o ar, entre viver comigo e perder o seu (novo) grande amor ela escolheu o seu o seu marido. 
                                                   Foi então que parti para rua para lutar pela sobrevivência, faço os meus negócios. E não crucifico minha mãe, o amor é fogo como dizem os cotas. Ai eu a perdôo.
                                                  Vivo numa cubata com Daniel meu puto, Há varias versões da nossa vida, mas tenho apenas a dizer que nem todos que vivem na rua são ladrões, drogados. Basta ver o cota Dom Cebola, vivia connosco agora estar a fazer a faculdade e “bumba” no banco .  Uns poucos nos ajudam, todavia quando chega Dezembro várias organizações e pessoas singulares contribuem algo e dizem eles para passarmos um natal diferente como se só existíssemos neste dia. É que passamos muitas dificuldades. Lembro-me a dificuldade que tivemos ao enterrar o meu vizinho de quarto o Avex que o paludismo o levou, todas as portas se fecharam (até aquele cota que fez publicidade para angariar fundos pra nós, nos correu), tenho sinais das bofetadas que aquele mano que fala na radio me deu, quando perguntei-lhe se queria comprar algo que eu vendia. È verdade que ainda há muitos angolanos solidários. Mas olharem só pra nos em Dezembro não é bonito. Não este certo.

Carta de um miúdo de rua (2)
 
                          Passamos um natal diferente, como eles queriam, ao lado de varias “figuras publicas” angolanas (cantores, modelos,deputados,governantes,jornalistas,desportistas,etc.).                               Deram-nos muitos brinquedos, alegria  , comida (a quanto tempo  não me alimentava!),carinho e amor ,coloriram o ambiente, não faltaram  a boa musica e a dança , principalmente a do momento o do “cilindro “. katumua,(o puto Chico)”nosso companheiro de luta” ,o rei do estilo confundia os presentes ,era o próprio   “show man”  quem não queria vê-lo a dar os toques ! Até um kudurista famoso da banda vai contratá-lo.  Foi uma festa  inesquecível ! recordei-me dos dias que meus pais viviam felizes ,tudo era maravilha , o natal era verdadeiramente um dia de família. A minha cantora preferida cantou e encantou no nosso palco, não imaginem como me senti.Tiramos fotografias com todas essas figuras,se eu pudesse mostrava-vos agora. Quem um dia deparar-me, peça-me para ver .
                              A ingratidão não faz parte do meu dicionário por isso, em nome de todos os meus “cambas” muito obrigado, por nos terem proporcionado um dia diferente  . Trataram-nos como filhos  ,parecia um lindo sonho. Naquele dia foi assim em quase todos os cantos  do meu pais,quem entre nós passou fome !?
                                 Dias depois a nossa vida voltou ao “normal”, nada era fácil, era preciso ir a luta. Os meus negócios continuaram a “render”, dias antes do natal “facturei muita massa”, por isso este ano vou estudar, se conseguir matricula (cada ano há mais alunos do que salas).O dia todo hei-de trabalhar e a noite “bucar”(pegar nos caderno e ir  a escola).
                               Não sei como estão a minha mãe e os meus dois irmãos , sinto saudades de vocês.  Aqui na rua o  tempo é ouro, perdoem-me por não vos visitar .Não podia  esquecer-me do meu pai apesar todo o mal que nos causou , um abraço “papoite”.
                                 Ontem tive um dia que jamais esquecerei em toda vida, encontrei-me com uma “figura pública” que passou connosco  o natal diferente , corri a atrás dela, entusiasmado próprio de uma criança, saudei-lhe e olhou-me sem compaixão  de cima para baixo. Meus pés sujos e meu chinelo remendado, sobre as minhas mãos os objectos que eu vendia ,disse-me arrogante:
- “Sai daqui, não me chateia, seu ...”
                                  Não imaginem como fiquei ,  gabava-me  sempre aos meus amigos, aqueles que não estiveram no natal diferente ,cada dia que exibia-lhes as fotografias.  Eles testemunharam o desprezo que me deram, riram-se tanto de mim que fiquei  mudo , aborrecido... Sai dali, levei as minhas coisas e fui a casa, deitei-me no colchão que essa pessoa oferecera-me naquele dia.  As lágrimas dançavam sobre o meu rosto todavia mais  tarde levantei a cabeça e percebi que só somos importantes  no último mês do ano, para a maioria das pessoas .
Que dor!Não estamos a pedir  dinheiros , comida todos os dias, nada disso que sejam mais amáveis e solidários ou continuarão a esperar o Dezembro. ?
                            
D.S. Chipilica Eduardo (Benguela) 923269210

segunda-feira, 15 de março de 2010

Hoje é Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

Comemora-se hoje, 15 de Março, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor.


A efeméride é assinalada anualmente em resposta às preocupações do então Presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy, que, no dia 15 de Março de 1962, dirigiu uma mensagem ao Congresso dos Estados Unidos, na qual, pela primeira vez, defendeu os Direitos do Consumidor.

Essa ideia causou grande impacto, não somente naquele país, mas em todo o mundo, que passou a defender o direito à segurança ou protecção contra a comercialização dos produtos perigosos à saúde e à vida.

O direito à informação, em que os aspectos gerais da propaganda e a necessidade das informações sobre o próprio produto e sua melhor utilização passaram a ser considerados.

Em reconhecimento à mensagem a favor dos consumidores, a Organização Internacional das Uniões de Consumidores (OIUC) adoptou, em 1979, o 15 de Março como Dia Mundial dos Direitos do Consumidor e instituído em 1985 pela Assembleia Geral da ONU.

Ainda em reconhecimento a data, o Governo angolano criou, no dia 25 de Julho de 1997, Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (Inadec), com o objectivo, entre outros, de executar a política do Governo em matéria dos direitos dos consumidores.

Tutelado pelo Ministério do Comércio, compete igualmente ao Inadec estabelecer políticas que promovam os interesses dos consumidores no mercado e estabelecer vias de recurso para repor os abusos e práticas prejudiciais, garantindo que os produtores e distribuidores de bens e serviços cumpram as leis e normas obrigatórias vigentes no país.

Desde a sua criação, o Inadec desenvolveu já várias actividades no país, destacando-se a assinatura de um protocolo com o Instituto do Consumidor de Portugal (ICP) no domínio da formação de troca de informação e da produção legislativa.


O Inadec tem efectuado igualmente visitas e trabalhos de campo com a comunicação social, em estabelecimentos comerciais e postos de distribuição de produtos para aferir a qualidade dos bens comercializados e as condições higio-sanitárias dos estabelecimentos e participou com exposições em diversas realizações da Filda.

Em 2009, o Inadec registou 409 infracções, muitas delas devida à falta de certificado de qualidade dos produtos que são importados e comercializados no país.

O Inadec, junto do Ministério da Educação, está a estudar a possibilidade de incluir a educação do consumidor como matéria curricular, encontrando-se já em elaboração diversas cartilhas e manuais de educação.

Fonte: Angop