quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Conselho de Auscultação Social do Huambo reunido em sessão ordinária

Huambo - O Conselho Provincial de Auscultação Social do Huambo está reunido hoje, quarta-feira, nesta cidade, para entre outros assuntos, analisar o impacto da crise financeira internacional no Programa de Investimentos Públicos e na Gestão do Orçamento da província para 2009.

O encontro é orientado pelo governador da província do Huambo, Albino Malungo. Está ainda abordar aspectos relacionados com os planos de desenvolvimento da agricultura, educação e reindustrialização da província do Huambo no quadriénio 2009/2012.

Consta ainda desta primeira sessão, o plano de emergência de realojamento dos moradores dos edifícios denominados FAPA e Palmeira, nesta cidade, bem como o estado actual de implementação das reservas fundiárias na província.

Durante o encontro, que termina esta tarde, vão ser ainda apreciados documentos sobre as preocupações colocadas pela União dos Sindicatos do Huambo (USH) da UNTA- Confederação Sindical e da Câmara do Comércio e Indústria do Huambo a cerca do parque de inovação empresarial local para o período 2009/2013.

Na cerimónia de abertura, o governador do Huambo, Albino Malungo, sublinhou a importância deste evento de que como órgão de consulta no quadro dos princípios de uma boa governação.

Acrescentou ainda que todas as questões constantes da agenda deste encontro permitirão, nos próximos anos, melhorar a qualidade de vida das populações sobretudo na qualidade de educação e ensino, bem com na criação de reservas alimentares.

Governo e Igrejas na luta contra a violencia

Kuando Kubango INAC e IECA capacitam formadores para o combate à violência contra a criança

Menongue – Treze formandos participam do seminário de formadores para o combate à violência contra a criança, de 02 a 06 de Dezembro, uma organização do Instituto Nacional da Criança e a Igreja Evangélica Congregacional em Angola (I.E.C.A).

Durante o cinco dias, os participantes afectos às administrações dos municípios de Menongue, Rivungu, Kuangar, Cuchi e Mavinga vão abordar temas como "convenção dos direitos da criança", "carta africana sobre os direitos e bem-estar da criança" e "convenção da OIT relativa à interdição das piores formas de trabalho".

Os participantes vão igualmente tomar contacto com matérias sobre a lei constitucional, a rede de protecção e promoção dos direitos da criança e os 11 compromissos assinados pelo governo angolano sobre a criança.

"Crimes contra a criança e adolescentes", "directrizes para um formador de direitos humanos", "perfil do activista e suas tarefas" são outros temas.

O programa reserva uma visita ao centro de acolhimento de Mbembwa, que interna crianças em conflito com a lei.

De acordo com José Martinho, director em exercício do Minars, que falava em representação do vice-governador para a área social, José Maria Ferraz dos Santos, este seminário tem uma grande importância porque tem se assistido no país grandes atrocidades dos direitos da criança.

José Martinho afirmou que esta formação tem como finalidade dotar as instituições administrativas, políticas e religiosas, de ferramentas que lhes possam potenciar na intervenção dos casos de violência contra os petizes.

Promovida marcha em repúdio à violência doméstica

Benguela - Uma marcha de repúdio à violência contra a mulher foi promovida terça-feira, em Benguela, pelo secretariado provincial da Organização da Mulher Angolana (OMA).

A marcha decorreu no âmbito dos 16 dias de activismo contra a violência que tem atingido níveis alarmantes nos seio das comunidades.

O acto, que teve início no largo do primeiro de Maio, percorreu quase todas as artérias da cidade de Benguela, com cartazes e slogans sobre o combate à violência contra a mulher e a família.

Segundo a secretaria em exercício para área de informação, Elsa Amado, com esta marcha a sua organização pretende pedir apoio às autoridades competentes, para que os processos encaminhados aos órgãos de justiça, por qualquer tipo de violência, sejam devidamente resolvidos.

As actividades dos 16 dias de activismo na luta contra a violência terminam no dia 10 do mês em curso.

Agentes culturais defendem maior incentivo ao teatro


Ondjiva – Promotores e agentes culturais advogaram hoje, terça-feira, em Ondjiva a necessidade de apoio aos grupos teatrais para o incentivo das artes cénicas na província do Cunene.

Segundo Fortunato Pedro Kamba, director artístico do grupo teatral Olonguissi, em declarações à Angop, existem na província vários grupos com talentos para a prática das artes cénicas com qualidade, mas que por falta de apoios chegam a desaparecer.

Por sua vez, o promotor de eventos culturais Domingos Lopes Mateus considerou que uma das grandes dificuldades dos grupos teatrais na província tem sido a falta de indumentárias e espaços de exibição.

Referiu que a província dispõe de um único local, que actualmente se encontra em estado elevado de degradação, situação que tem desencorajado os fazedores desta arte na região.

A província do Cunene conta com três grupos teatrais, nomeadamente o Olonguissi, Passuka e o núcleo de Santa Clara.


Fonte: Angop

AINDA SOBRE SOBRE O PROCESSO CONSTITUINTE

A Ética, a Política, o Direito e o momento constituinte


" Integra da dissertação de Marcolino Moco direcionada para juventude e estudantes universitários sobre o processo constituinte numa palestra organizada pelo IDD"


Concebi a ideia de apresentar este tema e título, na sequência de uma promessa feita no fim de uma entrevista tópica ao jornal semanário a Capital, na qual me propunha a dissertar um pouco sobre o positivismo e a “social engeneering”, como formas divergentes de conceber o Direito como ciência e prática, assim como expender algumas ideias sobre como terminar a nossa mudança transicional de regime político sem lesar as actuais normas constitucionais.
Sobre o primeiro aspecto (positivismo ou “social engeneering” na interpretação das normas constitucionais?) parece que o leit motiv da discussão foi formalmente eliminado. Com efeito, aqueles que nos acusavam de positivistas, porque nos recusamos a aceitar religiosamente as metamorfoses repentistas dos donos de um poder constituinte que julgavam ilimitado, já reconheceram, tacitamente, que desde que haja uma ratio iniludível por trás de uma norma jurídica, seja ela escrita, costumeira ou de outra natureza, não há como contorná-la “por da cá aquela palha”, sob o risco de se contribuir para uma perigosa banalização do Direito como ordem social e política e na sua função sublime de estruturação e harmonização das sociedades, nos tempos que correm e no quadro das opções livremente escolhidas. Se assim não fosse, não teriam passado para outra forma de acomodar juridicamente as ideia do líder, tentado agora baptizar de “sufrágio directo e universal” a uma forma de eleição presidencial em que a candidatura não é uninominal e nem são permitidas candidaturas independentes fora de listas partidários.

É preciso dizer mais para logo se ver que os técnicos do poder constituinte, convencidos do poder mágico da sua sabedoria, não concebem que existam outros seres pensantes por estas terras afora? Para eles, tudo é um deserto de ideias. Isto é que é, afectivamente, o que certos autores, referidos pelo nosso conhecido Professor Castanheira Neves, chama de “social engeneering”, em que juristas se limitam a escrever e a dizer o que os políticos ditam, mesmo que se contrarie frontalmente os valores e princípios que conformam o Direito.

É evidente que, até pela nossa experiência, sabemos que isso acontece, provavelmente por duas razões: ou porque há uma pressão política dificilmente contornável, ou_ aqui volto ao tema da violação subtil do direito à informação pelos meios públicos, já abordado numa recente entrevista on line, ao “notícias lusófonas” _ porque habituados a ser projectados como as únicas sumidades do Direito em Angola, esses nossos colegas de ofício e pensamento, não conseguem admitir a mínima possibilidade de serem contrariados, em termos científicos, pelo resto da pobre paisagem circundante. É evidente que ainda não tocamos no tema em que nos vamos debruçar: sobre o como, na nossa óptica, a ética, a política e o direito devem interagir razoavelmente. Porém, podemos desde já adiantar que isto não é ético, não é político, muito menos direito; e, se não é torto, no mínimo, é tortuoso.

De todo o modo, é muito satisfatório que se tenha reconhecido que defender o artigo 159º da actual Lei Constitucional, na sua letra e espírito, não é positivismo, no sentido de, nesta visão de interpretação do Direito, não se reconhecer a necessidade da alteração da norma diante da evolução das variáveis sócio-históricas e políticas; que essa nossa posição radica, justamente numa ratio legis, historicamente actual, até com o tipo de atitudes em análise, e que se consubstancia na ideia de evitar que maiorias esmagadoras ou personalidades autocentradas venham por em risco as conquistas obtidas pela comunidade, em determinado troço de um processo jurídico-constitucional.
Aqui chegados, cumpre-me passar para outro aspecto deste momento constituinte, em que eu pareço ter uma posição estranha.
Na verdade eu vejo demasiados analistas e até dirigentes de partidos políticos atrás do que posso chamar de canto da sereia, entoado pelo detentor do poder constituinte, que é a suposta super- importância da elaboração da Constituição Angolana, com a ideia subjacente de que até agora não tínhamos constituição nenhuma ou quase nenhuma. Alguns vão mesmo ao ponto de aplaudir a subtil ideia de que a actual Lei Constitucional aprovada, formalmente, em tempo de monopartidarismo e por isso mesmo de natureza provisória, teria pouca ou nenhuma legitimidade para ser invocada neste momento transcendental. Arrisco-me a acabar afundado no oceano do politicamente incorrecto (nunca tive medo de riscos), mas creio, pelo menos, que ainda não apanhei nenhuma finta neste percurso, ao contrário dos outros que vão despendendo as suas energias atrás de dribles inesperados, tão talentosamente “fundamentados” em poderosos meios de comunicação, pelos arautos do poder constituinte.

Desde o principio que venho afirmando, a partir de um pequeno artigo escrito para o “Semanário Angolense” de Dezembro de 2008, que salva a devida importância da questão de mérito que é a elaboração da formalmente designada Constituição de Angola, o mais grave nisso tudo eram as duas questões prévias relativas: primeiro, à aparente pretensão de passar por cima dos limites materiais da constituição vigente ao poder constituinte, criando um precedente nada abonatório; segundo, mas muito importante, deixar o país numa situação de indefinido período pré-eleitoral, com os prejuízos que ninguém duvida que disso podem advir na destinação dos recursos, com o adiamento sine die das eleições presidenciais, sob o pretexto da necessidade de aprovação prévia da nova constituição, com argumentos nunca antes esgrimidos.

Bom, sob a primeira questão, estamos conversados e não sou eu que apanhei a finta. São até muitos dos próprios detentores do poder constituinte que a levaram monumentalmente. A bola passou-lhes mesmo, por entre as pernas.

Sobre a segunda questão, reitero a posição que deixei expressa há dias, falando para a Rádio Eclésia e também e também para a TV-Zimbo (só não sei se saiu alguma coisa).
Aí eu disse que afinal a questão é mesmo o que eu suspeitava: discutam este problema que já está resolvido enquanto eu cá vou preparando umas coisas. E disse a tal heresia: A elaboração da Constituição é importante só que as principais questões já estão resolvidas, porque o processo constituinte do transição democrática angolana não começou hoje, nem ontem. Começou em 1991, com a provação de uma constituição ( a Lei nº 12/91 de 6 de Maio da Assembleia do Povo) que abriu a possibilidade de criação de novos partidos, legalizou a UNITA, no âmbito do culminar de um longo processo de paz e acabou com o sistema de partido-estado.

Tudo isso na sequência da queda do Muro de Berlim, cujo 20º aniversário acaba de ser celebrado, quando muitas coisas começaram a mudar no mundo e nós também tivemos que mudar e seguir em frente, de acordo com as nossas condições, sem reservas mentais, pelo menos era assim que eu pensava, ao participar activamente, nesse processo de mudanças. Em 1992, com a Lei nº 23/92 de 16 de Setembro, também da Assembleia do Povo, mas antes negociada com a UNITA no quadro do processo da paz, por um lado, e no âmbito de uma conferência multipartidária com os novos partidos então criados e já organizados, por outro lado, atinge-se o ápice do processo constituinte.

Essa constituição, que é a Lei Constitucional actual, adoptou, na generalidade e de forma bastante desenvolvida, os princípios gerais que regem os estados democráticos e de direito. Se tudo corresse bem, no fim das eleições legislativas e presidenciais desse ano, teríamos assim uma assembleia constituinte e um presidente eleito em sufrágio directo, secreto e universal, e a assembleia aprovaria a chamada Constituição de Angola, que entraria em vigor no momento que se achasse oportuno; uma constituição que em termos materiais pouco traria de novo, senão as questões formais de precisão, desenvolvimento e melhor arrumação dos preceitos, assim como, essencialmente, definir e fixar questões como o sistema de governo e mais um ou outro aspecto; e é aí que surge exactamente a questão do artigo 159º que devia prevenir eventuais apetências destruidoras de valores específicos da democracia já incorporados no processo das conquistas constitucionais dos angolanos, como já disse atrás, o que aparentemente, está a ser agora forçado, ao arrepio justamente do preceito acautelatório de eventuais abusos de maiorias esmagadoras.

Durante o período de guerra que se viveu e pouco depois disso, o Presidente José Eduardo, mais pelo estilo próprio, do que pela sequência do que está estatuído na Lei Constitucional (embora viesse a ser reforçado por um parecer interpretativo do Tribunal Supremo, que pessoalmente considero assente numa certa razoabilidade _ o que seria se, naquelas circunstâncias, o TS apresentasse um parecer em sentido contrário ou simplesmente diverso ou mesmo se se recusasse a emiti-lo, alegando incompetência?) estabeleceu as linhas mestras de um sistema de governo presidencialista puro, embora com algumas incongruências, que foi o inserido no programa do partido esmagadoramente vitorioso nas eleições de 2008. Ora havendo já esse consenso contra legem em relação ao sistema de governo a adoptar, o que faltava mais para apurar as últimas formas da carta magna de Angola? Bandeiras, insígnias? São questões que também já estavam praticamente definidas; não constavam nos limites materiais e era uma das áreas em que a oposição perdera uma oportunidade para facturar (e eu, pessoalmente, penso que seria muito bom para simbolizar uma nova Angola) com aquele abandono fatídico da Comissão Constitucional anterior às eleições, caindo em fintas menos antiéticas, menos antipolíticas e menos tortas do que as actuais, certamente, porque o partido no poder era menos maioritário do que hoje.

Afirmar que a futura Constituição de Angola, a ser aprovada pela actual assembleia constituinte deve merecer todo esse empolamento e justificar o adiamento, sine die das presidenciais, porque a evanescente Lei Constitucional é menos legítima, só pode ser um dito fintatório ou de quem na altura, por alguma razão, não teve condições objectivas ou subjectivas de poder analisar as dificuldades e o ambiente de efervescência e pluralismo democrático que o MPLA e o seu Presidente tiveram de enfrentar, se comparado com o passeio pela avenida com que se aprovará a nova constituição pelo praticamente partido único de hoje. A menos que se continuem a criar dificuldades artificiais, como as que estamos a presenciar e num ambiente de conformismo gritante, sob o manto deste estranho fenómeno que o proeminente jornal de Graças Campos, com todo o mérito, decidiu baptizar de eduardismo; este fenómeno que palpita talentoso nas caracterizações de outros jovens e veteranos homens das letras e ciências como Justino Pinto de Andrade, Siona Casimiro, Gustavo Costa, Aguiar dos Santos, Fernando Macedo, Ismael Mateus, Reginaldo Silva e tantos outros, alguns dos quais amordaçados nos meios de comunicação pública, onde têm de fazer o seu ganha pão.

Agora um país democrático, com todas as condições para o efeito, e sem o seu mais actuante e importante órgão de soberania sufragado pelo voto popular?! Vão me dizer que esta é uma questão de forma? Para mim é justamente aqui, que encaixa como uma luva, o brocardo filosófico que afirma não haver conteúdo sem forma. Já citei um dos prejuízos que, em tese, podem decorrer duma situação dessas, em que se vive em indefinida situação pré-eleitoral. Mas já sei, e sei que pelo menos alguns de vocês também já conhecem alguns prejuízos concretos que estamos a sofrer com isso. Porém, como devem saber, eu sou professor, e os professores têm sempre a mania de deixar trabalho de casa para os outros. Então deixo-vos este trabalho de casa. Para mim só me resta repetir: isto não é ético, não é político, nem é direito.

Sabe-se que alguns dizem, e vemos isso por alguns comentários às nossas posições, que falar-se de democracia pura em África é perder tempo. Precisa-se de chefes que decidem sobre tudo. Feliz e infelizmente de quem é que se ouvem estes impropérios? De alguns poucos mais velhos que estão no poleiro, mas, também de demasiados mais novos que nunca viram, nunca viveram e mal ouviram ou estudaram, com profundidade, o que são e como acabam as ditaduras. O meu conterrâneo, político e membro activo da sociedade civil Abel Chivukuvuku deu, no “Semanário Angolense da semana passada, alguns exemplos do fim das ditaduras umas abertas outras mais ou menos disfarçadas; algumas até, aparentemente, “bem intencionadas”: Côte d’Yvoire, Zaire, Somália, etc., etc..

Não é preciso falar-se de democracias puras: não existem. O MPLA é um dos maiores partidos de África em todos os sentidos, e é o maior de Angola. Aos camaradas que estão a ser convencidos que só com este tipo de fintas é que nos vamos manter no poder por muitos anos (tenho legitimidade para falar: o MPLA viu-me crescer e eu vi crescer o MPLA) eu digo, como já o disse algumas vezes aqui do alto da minha informalidade: não é esta a minha opinião; o que acredito é que para Angola não há melhor que um MPLA subordinado aos princípios éticos e políticos de uma democracia moderna e conformada pelos princípios do Direito interno e internacional. E tenho dito: mesmo se eventualmente alguma vez, em nossas vidas o MPLA estiver fora do poder, desde que persista em contribuir para uma verdadeira cultura democrática, nunca o MPLA deixará de ser o grande factor que é, de unidade nacional e de grande promotor da felicidade de todos os angolanos, sem discriminar nem impedir o protagonismo de outras entidades políticas e sociais.

Perguntam como é que seria começar o mandato do novo presidente com nova constituição? Eu é que pergunto se exímios juristas já se esqueceram do mecanismo da vacatio legis. E com tanto sentido de antecipação que se conhece, porque é que não se viu isso antes de 5 de Setembro de 2008?

Já não falarei mais dos limites materiais do poder constituinte, concordantes que estamos que eles existem. E que “ais” pelo mundo se não existissem? Podem ser retirados? Sim. Nada é eterno. Mas quem é o jurista ou mesmo leigo interessado em acompanhar estes assuntos que não conhece as formas adequadas, em que não se desrespeite o povo como detentor do poder soberano, numa república como a nossa?

O Presidente já não quer? Discuta-se isso no seu partido, com franqueza, e depois com a oposição, se possível. Os angolanos já passaram por dificuldades maiores e resolveram os problemas e aí o Presidente ganhou uma endurance e um carisma que, acredito, poderia ajudar nesta situação até para prevenir, se é este o caso, os síndromes “chiluba”.

Façam-se eleições presidenciais, já, com a actual ou com a nova constituição. Mas como, com as despropositadas manobras dilatórias efectuadas até aqui, “já” jà não pode ser este ano de 2009, que o Presidente consulte o Conselho da República e se definam, com seriedade, para quando as eleições presidenciais, sem o escândalo actual do controlo unilateral dos meios de comunicação pública, com uma política de meios privados de comunicação não discriminatória e que os candidatos e partidos políticos tenham tempo igual para pensar e traçar as suas estratégias; e que nesse tempo, seja dado tempo para que o MPLA e o Presidente José Eduardo dos Santos tenham tempo de resolver o problema de uma sucessão civilizada, à imagem de Angola e não dos piores exemplos de África, que só nos envergonham, como filhos deste continente; embora estrangeiros, diplomaticamente, nos dêem pancadinhas às costa e nos digam que estas é que são as geniais vias africanas de liderança, só porque se impacientam com o tempo que precisamos para nos organizarmos com seriedade.
Tudo isso não deveria levar mais de um ano. Algo que não chegaria a toda essa complexidade, se o presidente de Angola, que seria seguramente José Eduardo dos Santos, com mais ou menos votos que o MPLA, na primeira ou na segunda volta, tivesse sido eleito em 2008 ou 2009, com tempo para sair em grande, com um sucessor qualquer que fosse, desde que angolano, e com as questões fundamentais, senão resolvidas, pelo menos equacionadas. Se há males que vêm por bem, então que se aproveite este tempo para criamos uma verdadeira Nova República, sem reservas mentais, onde mesmo com algumas fintas, que estas sejam feitas dentro das linhas do campo de jogo e não fora de campo, só para alguns. Injustiça gera injustiça, violência, mesmo branda, gera violência; na linha do brocardo latino abissus abissum invocat: “um abismo chama outro abismo”.
Sejamos justos.

Eu penso que é possível; não é fácil, mas é possível, envolvermo-nos no triângulo amoroso constituído pelos três elementos que venho referindo nesta dissertação despretensiosa: a ética deve ocupar o ângulo recto e cimeiro desse triângulo para imperar sobre a política e o direito; onde a política contribuía para relançar uma nação que se constrói a partir de várias nações, parafraseando Agostinho Neto; e onde o direito assuma o seu papel de formulador de comandos justos e exequíveis, porque assentes na razoabilidade e no bom senso. Dentro de uma interdependência harmoniosa, nenhum dos ângulos se coloca em posição de subserviência em relação aos outros, pelo que cada um formula de forma autónoma as suas regras e princípios. Só assim, deste triângulo amoroso, podem nascer e crescer muitos filhos saudáveis e robustos, tais como:
1-Um estado de justiça, paz e democracia económica, social e cultural.
2- Um Estado confiável e criador de expectativas positivas em todo o seu tecido multiétnico e multicultural, porque assente na transparência da sua actuação quotidiana.
Isto é que seria ético, político e direito. O resto é torto e tortuoso

FIM

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ONU e a Sociedade Civil

uma parceira que se impõe

As organizações não-governamentais (ONGs) sempre desempenharam um papel importante na ONU. Diz o Artigo 71º da Carta das Nações Unidas que: "o Conselho Económico e Social poderá entrar em entendimentos para consultar organizações não-governamentais que se ocupem de assuntos no âmbito da sua própria competência. Tais entendimentos poderão ser feitos com organizações internacionais e, quando for o caso, com organizações nacionais, depois de efectuadas consultas com o membro das Nações Unidas interessado no caso”.
O papel e a presença dos actores da sociedade civil no processo da ONU aumentaram consideravelmente, durante as últimas décadas. Houve um aumento significativo da participação no ciclo de grandes conferências que tiveram lugar nos anos 90. Estima-se em 30 mil o número de pessoas que participaram dos foros das organizações não-governamentais (ONGs), que aconteceram paralelamente à Conferência de Pequim (China) sobre a Mulher, em 1995, e em 35 mil as pessoas que participaram da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo (África do Sul), em 2002.
Milhares de organizações da sociedade civil tomam, desde então, uma parte activa nos trabalhos da ONU e não têm simplesmente um papel de observadoras. Um exercício que aos poucos vem se tornando prática em Angola, onde o movimento da sociedade civil se mostra cada vez mais forte e decidido em colaborar com as instituições do governo na melhoria da condição humana.


CONFERÊNCIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

A Conferência Nacional de Direitos Humanos, uma iniciativa do Conselho de Coordenação de Direitos Humanos com o apoio da Fundação Open Society - Angola, realizou-se em Luanda de 4 a 5 de Novembro de 2009. Juntou organizações da sociedade civil de várias partes do país assim como representantes de diferentes comunidades que vivem actualmente violações flagrantes de direitos humanos.

Os activistas presentes discutiram diferentes temas, através da apresentação de relatórios e plenárias e chegaram às seguintes conclusões e recomendações:

As organizações presentes a 1ª Conferência Nacional da Sociedade Civil sobre os Direitos Humanos, promovida pela Fundação Open Society Angola e pelo Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos, que decorreu em Luanda, no Hotel Marinha, nos dias 4 e 5 de Novembro de 2009, chegaram às seguintes conclusões e recomendações:

CONCLUSÕES:

1. Não obstante o facto de a República de Angola ser constitucionalmnte um estado democratico e de direito, verifica-se, em várias instâncias, constantes violações às liberades fundamentais dos cidadãos, entre elas a liberdade de associação, habitação e de acesso à justiça, assim como a flagrante e inconcebível violação por omissão do direito à educação, na modalidade de jovens e adultos, que vai contribuindo para que os grupos sociais mais vulneráveis, entre elas as “zungueiras” mantenham e reproduzam a exclusão social.
2. Existe um número reduzido de advogados a exercer advocacia a tempo inteiro, facto que contribui para a dificuldade do cidadão em aceder à justiça.
3. Existe discriminação e falta de transparência no processo de qualificação das ONGs e associacões para o estatuto de organização de utilidade pública.
4. Que no âmbito da lei, as associacões/ongs legalmente constituídas não são obrigadas a prestar contas das suas actividades à Unidade Técnica de Coordenação das Ajudas Humanitárias (UTCAH).
5. O Estado não tem cumprido com o seu dever de garantir a satisfação das necessidades básicas da população.
6. A impunidade e a prevalência da lei do mais forte contribui para que certas práticas levadas à cabo por empresas diamantíferas e grandes latifundiários conduzam à violação dos direitos dos cidadãos.
7. Constatam-se dificuldades por parte das comunidades em influênciar e pressionar os poderes públicos para garantia, respeito e realização dos seus direitos.
8. Constata-se um fraco comprometimento do Estado, para com a garantia do direito à educação, na modalidade de Jovens e Adultos, fundamentalmente através da ausência de uma Secretaria de Estado a ela exclusivamente dedicada, e da provisão de orçamento ao nível do agravado e condenável passivo social, em que se encontram relegados grupos sociais consideráveis da nossa sociedade
9. A acção do governo nos processos de despejos e deslocamento das populações agudiza a condição das populações vulneráveis.
10. A corrupção, perseguição e criminalização dos defensores de direitos humanos são aspectos que enfermam a administração da justiça.
11. Constatam-se semelhanças entre os problemas que afectam as várias comunidades nas diferentes províncias, dos quais os mais flagrantes são a exclusão e marginalização social.
12. Notam-se interferências da Unidade Técnica de Coordenação das Ajudas Humanitárias (UTCAH) no processo de obtenção de financiamentos dos doadores às organizações e associações angolanas, ilustrando-se como exemplo, o facto de a Associação OMUNGA ter tomado conhecimento de informações postas a circular junto dos doadores de que a mesma é uma organização “non grata”.

RECOMENDAÇÕES:

1. Promover uma discussão alargada e a inclusão das organizações da sociedade civil no processo de revisão do regulamento da lei das associações, particularmente sobre o estatuto de organizações de utilidade pública, previsto no artigo 20º da lei das associações, uma vez que várias organizações solicitaram tal estatuto sem qualquer sucesso.

2. Apoiar (técnica e financeiramente) as organizações e associações a nível comunitário, no sentido de se promover a autonomia, pluralidade, democracia e liberdade de associação.

3. Despartidarizar os gestores da justiça no pais.

4. Reactivar o debate sobre o papel dos paralegais no âmbito da garantia do acesso à justiça.

5. Promover a capacitação dos membros da sociedade civil em materia de género, no sentido de se eliminar o preconceito segundo o qual o género e um problema das mulheres.

6. Maior envolvimento das organizações da sociedade civil, particularmente as ligadas à questão do direito à terra, na discussão em torno da constituição, fundamentalmente em relação à propriedade e uso da terra, bem como à redistribuição da riqueza.

7. Promover mais estudos e pesquisas, no sentido de se catalogar o grau de cumprimento do respeito pelos direitos humanos em todas as áreas do país, expondo assim não só as violações como também a ausência/incapacidade dos órgãos de justiça no processo de imposição da lei.

8. Incluir os beneficiários dos mais variados projectos nos debates de âmbito provincial e nacional, de modo a permitir maior interação e compreensão dos problemas que afectam as comunidades.

9. Advogar para que as acções do Estado tenham como centro das suas intervenções o cidadão e como princípio basilar a dignidade da pessoa humana.

10. Advogar para que se concebam e implementem planos urbanísticos participativos, para dirigir os processos de assentamento, despejos e desalojamentos de populações.

11. Advogar para que se institua no país uma Secretaria de Estado, tal como se incremente a rubrica orçamentaria dedicada a Educação de Jovens e Adultos

12. Promover a criação de modelos de divulgação dos estudos de casos existentes, para que se accionem outras formas de solidariedade e se fomente o debate em relação a questão da exclusão e marginalização social.

13. Incentivar os defensores de direitos humanos a identificarem prioridades de actuação e a partilharem informação.

14. Promover a participação mais activa das ONGs e associações na monitoria/fiscalização do Orçamento Geral do Estado, analisando os relatórios trimestrais de execução do orçamento no sentido de se avaliar o grau de cumprimento dos projectos aprovados, bem como a eficiência na utilização dos fundos.

15. Maior divulgação do ante-projecto de lei de violência doméstica e intra-familiar, como forma de prevenção e combate a violência, mas também para incentivar uma ampla participação dos cidadãos na discussão pública e recolha de contributos para a melhoria do referido diploma.

Luanda, aos 05 de Novembro de 2009.
Os Participantes


sourse:http://quintasdedebate.blogspot.com/

BENGUELA ACOLHEU CONFERENCIA NACIONAL DA SOCIEDADE CIVIL


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MOMENTOS DE ALTA DEMONSTRAÇÃO DE EXPRESSIONISMO----- A VOZ DO CORPO FALANDO TODAS AS LÍNGUAS

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

QUEM SOMOS


Denominação

Organização Twayovoka para o Desenvolvimento

Historial

A organização Twayovoka para o Desenvolvimento, foi fundada aos 7 de Julho de 1999, pelos membros mais jovens da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Benguela. Adoptando uma decisão de utilizar as habilidades por meio do teatro, com vista ao aumento do conhecimento sobre as ITS e VIH, no seio dos adolescentes e jovens, em Outubro de 2001, a organização desenvolveu o projecto “Ser Jovem é Amar a Vida” (SJAV1).

Como resultado do êxito do referido projecto, a organização elaborou um segundo projecto (SJAV2), que teve como grupo alvo alunos de 18 escolas dos municípios de Benguela e Lobito, na qual os objectivos preconizados foram alcançados segundo as metas do projecto.
Como resultado do êxito do referido projecto, a organização elaborou um segundo projecto (SJAV2), que teve como grupo alvo alunos de 18 escolas dos municípios de Benguela e Lobito, na qual os objectivos preconizados foram alcançados segundo as metas do projecto.


Valores
(1) Liberdade e inclusão social;
(2) Respeito pela identidade cultural;
(3) Igualdade de direitos e de oportunidades.

Visão

Adolescentes e jovens conscientes da importância da participação política para melhoria das condições de vida das comunidades.

Missão

Estimular o engajamento cívico dos adolescentes e jovens no processo de desenvolvimento local.